A Boca do Lobo, empresa portuguesa de mobiliário de luxo, apresentou primeiro esboço do Projeto Culture
em Paris, durante a Maison & Objet. Série limitada de bancos com
diferentes artes tradicionais aplicadas, será assinada pelos mestres
artesãos.
No início era «apenas» um banco. O Erosion, uma das peças de
mobiliário da Boca do Lobo, um pequeno banco em fibra de vidro lacado a
preto, com 45 centímetros de altura e 20 quilos de peso, ganhou uma
nova vida no âmbito do Projeto Culture. Passou a existir em
vidro de Murano, em metal, em talha, o de filigrana está a ser
trabalhado, há vontade de o fazer em renda de bilros ou tapeçaria de
Arraiolos. E estes bancos trabalhados em diferentes artes tradicionais
vão transformar-se numa edição limitada, assinada pelos seus autores.
A primeira aparição pública dos bancos alvo de intervenção de
artesãos aconteceu na Maison & Objet, em Paris. Na feira, que
terminou no passado dia 22 e recebeu perto de 85 mil visitantes de 160
países, os bancos estiveram espalhados nos vários stands do grupo Covet,
a estrutura empresarial com sede em Gondomar, que junta várias marcas
de mobiliário e iluminação de luxo, entre as quais a Boca do Lobo.«No
total foram dez apresentados e tiveram uma excelente receção. As pessoas
entenderam a mensagem», considera Amandio Pereira, CEO do grupo.
Banco em calcetaria da autoria de ROC2C (PROJETO CULTURE) |
Mas este é apenas o início do chamado Projeto Culture, que pretende mostrar o valor do craftsmanship, desafiando designers, mestres artesãos e artistas plásticos a trabalharem em conjunto, conforme a DN Ócio adiantou em primeira mão. «Há
ali artes que ainda não foram desafiadas à séria com o banco. Temos de
ir mais fundo, não chegámos a cobrir bilros, o banco de filigrana ainda
não estava ao nível que queríamos e por isso não foi, os próprios
fingidos, a pintura dos fingidos, estamos a trabalhá-la mais. E queremos
trabalhar um com Arraiolos, [um banco] todo perfurado, e fazer o
Arraiolos por cima de uma estrutura metálica que dê depois para as
pessoas sentarem em cima. Há ainda muito para fazer mas o Projeto Culture definitivamente evoluirá para outras peças agora», revela em declarações ao DN Ócio.
Uma galeria para as manualidades de excelência
Os bancos com as diferentes artes tradicionais aplicadas estão a
começar a dar forma a uma série, que deverá ser mais tarde
comercializada. Para Amândio Pereira, a peça de topo é o banco metálico
de cinzelagem. «Foi feito pela nossa equipa. Tem 70 quilos de latão, que
é o corpo do banco, e a cinzelagem tem dois meses e meio de trabalho»,
conta.
«[Na Maison & Objet] pusemos preços para valorizar o projetos.
Não temos este ano qualquer objetivo em vender estas peças, mas muita
gente nos perguntava se íamos fazer mais peças. Eu acho que vamos
terminar com seis/oito peças e queremos vendê-las até porque ganham outra dimensão quando passam a estar em casa das pessoas.
Até ao final do ano, ou até muito em breve, poderemos ter surpresas».
As peças serão assinadas pelo artesão, designer e artista plástico.
O percurso do Projeto Culture, o primeiro da BrHands Foundation,
criada no seio do grupo Covet para promover a excelência do
craftsmanship, passará por outras grandes feiras internacionais, como a
PAD London, PAD Paris, The Salon Art+Design New York, Design Miami e
Design Basel. «A ideia é que a Culture se apresente como uma galeria que representa vários artistas e vários artesãos, e o trabalho que vai mostrar tem sempre que ser ao mais alto nível de craftsmanship.
A diferença entre esta galeria e todas as outras que existem de design
contemporâneo, é que nunca será exposto nenhum artista ou peça que não
tenha um grande componente de craftmanship por trás da peça. Em vez de ser design gallery, é design and craftsmanship and design gallery», enfatiza Amândio Pereira.
Covet Town abre ao público a partir de março
Os projetos não ficam por aqui. A partir de março vão abrir dois dias
por mês ao público o atelier de artesãos que está a crescer na Covet Town,
em Gondomar – e no verão será um dia por semana. «Queremos ter os
melhores dos melhores. Estamos a dotar as oficinas de todo o equipamento
para que naqueles dois dias eles cheguem lá e arranquem o trabalho onde
o deixaram da última vez. Quem os for visitar vê as coisas a acontecer.
Vão estar a ser feitos projetos reais, e os visitantes vão ver as artes a serem aplicadas»,
diz Amândio Pereira. Esta Open House deverá, segundo refere, entrar na
agenda cultural da cidade e chamar visitantes, entre os quais as novas
gerações de designers e artesãos.
Quem ali for poderá também ver os bancos com as diferentes artes
aplicadas, que deverão estar expostos no local após o regresso da grande
feira de Paris.
Texto de Marina Almeida
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