Calçada Portuguesa - Padrão Descobrimentos, Lisboa, PT |
Muito do conhecimento técnico aplicado ainda hoje na Calçada Portuguesa tem origem na época romana em Portugal a partir do ano de 195 a.c. época que terá durado cerca de seis séculos na Península Ibérica, e isso deve-se ao apurado saber no planeamento e construção de cada via ou intervenção nessa época.
Os itinerários romanos foram um importante foco de conhecimento e inovação, resultado de uma técnica invulgarmente avançada para a época (19 a.c.) e da introdução de conceitos atualmente na ordem do dia.
Cada via romana era construída tendo em conta a solução mais eficiente a nível económico e funcional empregando a engenharia de construção adequada às condições do terreno e do clima envolvente, com materiais existentes nas zonas limítrofes.
Nem todas as vias desta época eram calçadas com revestimento em pedra, isso acontecia maioritariamente nas ruas urbanas onde se conseguia assim manter a higiene pública com maior facilidade e também em zonas inclinadas e de maior declive ou com condições climatéricas mais propícias a precipitação.
Já nas estradas extra urbanas era comum a utilização apenas de uma camada fina, de substrato de areia e gravilha que antecedia uma mistura compacta e lisa de materiais mais finos (gravilha; areia; cal; cacos cerâmicos) para a melhor circulação de veículos rodados.
Esta maior disparidade de técnicas utilizadas é amplamente verificada pelo território português onde a variabilidade é grande do norte ao sul do país.
No sul encontram-se vestígios de vias em terra batida simples, no norte do país, é maior a predominância de troços calçados alguns com importantes estruturas de suporte que faziam frente às condições climatéricas mais agressivas.
Na documentação existente acerca das nomenclaturas utilizadas nos itinerários romanos Calçada surge com a seguinte definição: todo o caminho com possível origem romana ainda com vestígios de pavimento antigo.
A palavra calçada deriva de calcar, do Latim calco -are e surge em diferentes dicionários portugueses com uma definição unânime, descrevendo-a como um arruamento cujo pavimento é revestido por pequenos elementos de um material duro. Imediatamente a seguir a esta primeira definição surge a de: ladeira íngreme ou rua ladeirenta.
E é nesta segunda definição que, no ver da ROC2C, se dá a ligação destes dois conceitos.
Sendo que os Romanos empedravam principalmente as ruas dos centros urbanos e as inclinadas para fazerem frente às condições climatéricas adversas, o termo calçada terá surgido desta metodologia romana e sendo consecutivamente empregada nos anos e séculos vindouros pelos povos que a foram adotando enquanto uma arte que se pisa.
Já o termo Calçada Portuguesa terá surgido em Portugal, no início do século passado anos 20, como indelével marca da identidade nacional após a pavimentação com esta técnica das mais importantes praças e ruas da cidade de Lisboa. Após aquela que terá sido em 1842 a primeira expressão registada desta técnica no Castelo de S. Jorge pela mão do seu governador o Tenente General Eusébio Cândido Pinheiro Furtado e o ponto mais marcante para o vincular desta técnica portuguesa à nossa identidade enquanto povo. Ganhando notoriedade e reconhecimento um pouco por todo o mundo como um pavimento genuinamente português.
Bibliografia consultada:
“Construir estradas na época Romana” Michele Matteazzi
Método para construir as estradas em Portugal – 1790 – José Diogo Mascarenhas Neto Site: viasromanas.pt
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