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As primeiras praças com Calçada Portuguesa em Lisboa - Parte II


Em 1876 surge a Praça do Pelourinho vendo a sua toponímia alterada em 1886 para Praça do Município. O pelourinho, um monólito modelado em espiral coroado por uma esfera armilar de metal dourado, de finais do séc. XVIII, que inicialmente lhe deu nome situava-se, antes do terramoto, numa praça com o mesmo nome numa outra zona da cidade, mais precisamente no extremo da atual Rua do Comércio, entre as ruas dos Fanqueiros e da Madalena, depois do terramoto existiu a preocupação de procurar um outro local que fizesse lembrar o Largo do Pelourinho medieval e esta espaço revelou-se o mais adequado.
1966 Praça do Município - Pelourinho e Arsenal da Marinha à esquerda © Armando Serôdio AFM

O pavimento atual da Praça do Município é da autoria do pintor Eduardo Nery, que criou um desenho geométrico que pudesse ser percecionado como um tapete através da utilização de triângulos e retângulos.

O Largo do Chiado pavimentado em 1886, é o resultado da demolição no início do século XVIII, das antigas Portas de Santa Catarina da Cerca Fernandina de Lisboa e é ainda hoje um dos mais fascinantes locais da cidade de Lisboa situando-se num bairro tão cosmopolita como movimentado e enraizado culturalmente pelos ícones dos poetas Fernando Pessoa e Lagoa Henriques.
Reestruturado nos anos 90 pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira após o devastador incêndio no Chiado em 1988 que destruiu uma significativa e histórica parte deste bairro.
As simetrias, geometrias e desenhos abstratos que compõem este largo são o chão tantas vezes fotografado de uma cultura inigualavelmente forte e apreciada por todos que a conhecem.

séc. XIX Chiado no tempo do romantismo © Martins Barata
Ant. 1925 Largo do Chiado (Largo das Duas Igrejas-Postal)

E em 1907 surge a oportunidade de ser pavimentada com calçada Portuguesa aquela que é a mais majestosa praça de Lisboa, a Praça do Comércio.
Com os seus 36000m2 de área é não só uma das maiores da Europa como uma das mais belas, ladeada pelo seu histórico edificado e de frente para o rio Tejo.

Foi durante séculos a sala de receção para quem chegava a Lisboa de Barco, contribuindo para um majestoso primeiro impacto da Lisboa imperialista, onde desembarcaram reis e chefes de estado de visita ao país através do Cais das Colunas, ainda hoje existente à beira rio.

1880 Terreiro do Paço © AML
Era conhecida como Terreiro do Paço (nome que perdura até hoje como nomeação tradicional da praça) por aí se situar o Palácio dos Reis de Portugal e a sua vastíssima biblioteca. Com a destruição provocada pelo terramoto de 1755 esta praça integrou o plano de Marquês de Pombal para a reconstrução de Lisboa com um papel notório, nela pretendeu-se homenagear a classe comercial que voluntariamente cedeu 4% dos seus direitos alfandegários de todas as mercadorias para a reestruturação de Lisboa, alterando assim o seu topónimo para Praça do Comércio.

 Finais do século XIX Terreiro do Paço © AML
1944 Praça Comercio Lisboa © António Passaporte AFL
O plano Pombalino de reconstrução veio trazer-lhe uma disposição retangular, ladeada de três blocos de edifícios iguais de Manuel da Maia, a estátua equestre de D. José da autoria de Machado de Castro e do pedestal de Reinaldo dos Santos. A norte encontra-se o Arco Triunfal da Rua Augusta, a grandiosa entrada para a baixa lisboeta, este arco representa no seu conjunto várias figuras de relevo do país (Vasco da Gama; Marquês de Pombal, Nuno Álvares Pereira, entre outros que à época impulsionaram o país a ser a poderosa nação, junto a estas figuras as representações dos rios Tejo e Douro, referenciando os valores e virtudes da Pátria e a sua abertura para o mundo. Todo o conjunto da praça é monumento nacional desde 1910.

Bibliografia consultada:
- O CARMO E A TRINDADE" de Gustavo de Matos Sequeira -Volume I, II e III. -1939(1ª Ed.) (2ª Ed.1967)- São Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa
- Blog: Ruas de Lisboa com alguma história; Lisboa de antigamente; Paixão por Lisboa;
- Olisipo (hemeroteca digital da Câmara Municipal de Lisboa).
- Arquivo municipal de Lisboa.

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